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daqui |
Como eu sou açoriana e o meu namorado é alentejano, não conseguimos
passar os natais juntos. Cada um tem a sua família, cada um tem a sua terra é
natural que cada um queira estar com os seus. Para nós é assim que faz sentido,
mas julgo que para muitas pessoas não.
Há uns dias uma conhecida dizia-me que o irmão que também namora com uma
rapariga do continente tem o problema dos natais, “sabes é que como eles já
vivem juntos já tem de ser um ano cá um ano lá”. Nem lhe disse que esse era
também o meu caso, e que isso não nos obrigava a fazer o mesmo.
Confesso que adorava passar o Natal com o rapaz cá de casa, mas também me
custaria imenso deixar de estar com a minha família nesta época. Por isso, enquanto
nos apetecer continuar separados mas juntos dos nossos é assim que vamos fazer.
Aliás, para mim, esta coisa de “agora que já vivem juntos têm de…”, e
“agora és casada não podes ir sozinha” é que faz com que muitos casais que
namoravam, e até já viviam juntos há algum tempo, não aguentem tempo nenhum
juntos depois de casarem e ao fim de alguns anos (ou até meses) se separem.
É que as pessoas, sociedade e sei lá mais o quê metem uma pressão nos
casais que faz com que eles não aguentem. Depois de casados já têm de fazer
tudo juntos, já fica mal passarem o natal separados, “já não se entende como é
que ela ainda sai sozinha com as amigas”, e” que escândalo ela viajou sozinha,
sem ele”, e “então não é que não tiram as férias na mesma altura do ano”, e “claro
que tens de lhe dar satisfações sobre onde gastas o teu dinheiro, ele é teu
marido”, “andam aí a dar beijos na boca na rua, já não são nenhuns namoradinhos”,
“claro que ela vai contigo ao jantar da empresa, ela é tua mulher”, “como é que
vais almoçar a casa dos teus pais ao domingo e o teu marido não te
acompanha”…enfim, e mais umas quantas indignações. E claro, o casal que não
ligava nenhuma a estas coisas, e que vivia sem ter de respeitar a “lei dos
casados”, começa a achar que se calhar os outros até têm razão e vá de começar
a cobrar ao outro tudo aquilo que antes não fazia comichão nenhuma, e que até
era bastante normal. E a dinâmica muda, e as chatices começam a aparecer, e a
pessoa que temos ao nosso lado está diferente, “ele nunca ligava a estas
coisas”. Alguns casais adaptam-se, outros fazem o pacto de orelhas moucas, e
outros não aguentam a pressão.
Acho que o segredo é tentarmos
viver bem com as nossas escolhas, se para nós é importante que o nosso namorado
nos acompanhe naquele evento chato do trabalho, também é importante que o nosso
marido faça o mesmo, mas se por outro lado gostamos de reunir as amigas sem
namorados, claro que vamos continuar a gostar de o fazer sem os maridos. Há que
saber o que queremos, e muitas vezes (tantas) não ligar ao que será bem ou mal
visto se isso não nos fizer feliz
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