Rugas, bengalas e afins

No outro dia estava eu a ir para o trabalho e apanhei à minha frente na passadeira uma senhora que ia com a sua bengala, passo ante passo. Quando chegou ao passeio encontrou-se com uma senhora que lhe disse:
 - Bom dia! Cá andamos nós com as nossas bengalas, não é?
A senhora que vinha à minha frente queixou-se:
 - Ai que eu tenho tido tantas dores nas minhas pernas...umas dores que não me largam de maneira nenhuma.
A outra senhora, no entanto, continuou a sorrir-lhe e ficaram as duas a conversar enquanto eu segui o meu caminho. Mas pus-me a pensar: "será que algum dia vou aceitar assim a velhice, as bengalas, as dores nas pernas, as rugas?".
E acho que não, acho que isso da idade é uma coisa que me chateia, estou a meio da casa dos 20 e já penso nisso, já sinto saudades dos 18, 17...Acho que isso não é muito bom, quanto melhor aceitarmos a passagem do tempo, melhor a vivemos. Mas deve ser difícil chegar à idade em que temos a certeza que já vivemos mais anos do que aqueles que nos faltam viver. É verdade que mesmo com 25 anos amanhã pode dar-me uma coisinha má e eu partir antes da minha avózinha, por exemplo, mas a verdade é que nunca pensamos desta forma. E aceitar a bengala e um corpo que já não faz o que queremos deve ser difícil. Se bem que para uns é mais fácil que outros, claramente entre estas duas senhoras uma aceitou-o melhor do que a outra.